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Muito tem se falado a respeito do uso das madeiras como principal matéria prima na construção de instrumentos de cordas, como guitarras violões e baixos. Em plena época de conscientização e regulação ambiental, as grandes empresas tem se esforçado para manter uma produção limpa, sustentável e que garanta a qualidade de seus instrumentos.

Mas afinal de contas, como a madeira afeta a sonoridade do instrumento? Vou tentar resumir este assunto para que ao adquirir um novo instrumento você esteja por dentro das principais diferenças.

DENSIDADE

Além do peso (físico mesmo, não estou falando de Heavy Metal) a densidade da madeira (concentração de massa por cm³ ) tem influência direta no timbre dos instrumentos. Madeiras mais densas são mais rígidas, por isso geralmente são usadas na fabricação de escalas enquanto madeiras de densidade média ou baixa, tem sua aplicação nos corpos e braços.

A seguir, vamos analisar os tipos de madeiras mais comuns utilizados em nossas guitarras.


Mogno ( Mahogany – Khaya ivorensis)

Ibanez S421 com corpo em Mogno.

Ibanez S421 com corpo em Mogno.

Madeira largamente encontrada no continente africano e nas florestas brasileiras tem uma densidade relativamente alta (550 kg/m3) para uma madeira de corpo e braço. Há ainda o mogno da América central (com densidade de  560 Kg/m3).

O resultado é uma madeira mais pesada com um grave pronunciado. Está associado a muitos dos timbres mais famosos do rock.


Basswood (Tilia Americana)

Joe Satriani - JS24P American-Basswood

Ibanez JS24P Modelo assinatura de Joe Satriani : Corpo em American Basswood

Madeira de densidade média (420 kg/m3), o basswood é largamente utilizado para construção de corpos. Tem um grave equilibrado e um agudo pronunciado o que faz dela uma excelente escolha para construção de uma guitarra versátil. Algumas espécies híbridas da Europa como a European Lime tem densidades próximas a 560 Kg/m3.


Alder (Alnus Rubra)

Edição de Colecionador da lendária Evo de Steve Vai, corpo em Alder.

Edição de Colecionador da lendária Evo de Steve Vai, corpo em Alder.

Preferida para guitarras do tipo Strato, o Alder é uma madeira relativamente leve apesar de sua alta densidade (530 kg/m3). É uma madeira tipicamente americana e tem um excelente equilíbrio entre graves médios e agudos.


Ash ( Fraxinus americana)

Ibanez FR420 com corpo em ASH.

Ibanez FR420 com corpo em ASH.

Outra madeira bem popular nos EUA, se dividida basicamente em dois tipos: Hard Ash (do norte do país) e o Swamp Ash (das regiões pantaneiras do sul dos EUA).

O Hard Ash tem uma densidade alta (675 Kg/m3) e é bastante pesada, gerando timbres brilhantes e um grande sustain.

O Swap Ash é menos denso, mais leve mas nem por isso menos brilhante. Possui veios bonitos o que faz dele uma excelente escolha para guitarras envernizadas ou translucidas.


Maple

Ibanez RG370FMZ e RG3770FZ

Ibanez RG370FMZ e RG3770FZ

Com uma densidade bastante alta (720kg/m3), o Maple figura entre as madeiras mais conhecidas do mundo das guitarras. Graças a sua incrível rigidez e resistência a tensões, este tipo de madeira é altamente utilizada na construção de braços. Possui incríveis variações de espécie; Flamed Maple, Birds Eye Maple e o Quilted Maple.

Além da construção de braços, serve como Top na construção de guitarras onde existe um “blend” de madeiras para aquisição de uma determinada tonalidade, além de motivos decorativos, já que algumas espécies de Maple são lindíssimas.


Walnut (Juglans nigra)

Combinação entre Maple e Walnut na guitarra Ibanez  KIKO100, assinatura de Kiko Loureiro.

Combinação entre Maple e Walnut na guitarra Ibanez KIKO100, assinatura de Kiko Loureiro.

Uma madeira densa (579 kg/m3) que possui um timbre morno e beleza única. Graças a sua estabilidade e resistência é frequentemente empregada como complemento estrutural de braços (os famosos “filetes”).


Madeiras para escalas

Ibanez FR320 com escala em Rosewood.

Ibanez FR320 com escala em Rosewood.

Para a construção dessa parte tão importante do instrumento são necessárias madeiras de densidade altíssima e grande rigidez para aguentar a pressão das cordas e dos tensores. Uma das mais incríveis é o Ebáno (Ebony) que possui a incrível densidade de 1100 Kg/m3. Infelizmente esta madeira já está praticamente extinta e com leis seríssimas de restrição de corte.

Outra opção mais comum é o Indian Rosewood (Dalbergia latifólia). Aqui no Brasil temos o Jacarandá (agora também com sérias restrições para corte, sobretudo na Bahia) como excelente madeira para fabricação de escala.

Existem vários outros tipos de madeira como a Sapele, Korina , Koa e Popla. Todas com características semelhantes aos modelos apresentados e de diferentes padrões de veios, que serão apresentadas em outra ocasião.

Até a próxima,